Primeira entrevista do ano é com o produtor cultural e músico Pablício Pablues, nela ele fala sobre a cena local do rock de Camaçari, da sua banda e dos projetos em que está inserido. Confira na integra.
Quem é Pablício Pablues?
Pablício Pablues é um cara que
vive correndo sem parar, como já diria o Camisa de Vênus. Sempre matutando uma
maneira de promover a arte e a música, com o propósito de profissionalização de
um projeto que a sustentabilidade é palavra chave. Pai de Arthur Felipe (13) e
Pedro Ângelo (09), filhos que amo, integrante do Capivara Coletivo Cultural,
fundador, ex presidente e atual tesoureiro da nossa querida Cooperarock, rubro
negro de coração e vocalista da banda de candomblues Clube de Patifes. Nas
horas vagas ouve um rockzinho antigo que não tem perigo de assustar ninguém.
Algo mais é com o tempo, este que nos agrega com o seu passar.
Quais os projetos que você está envolvido atualmente, além da banda, e
quais suas finalidades?
Então... Hoje estou como um dos
representantes do Capivara Coletivo Cultural, que muitos já devem ter ouvido
falar. Ao longo de 03 anos o Capivara
vem desenvolvendo muitas atividades aqui em Camaçari. Em paralelo contribuo com
os trabalhos da Cooperarock, a qual faço parte da diretoria ao lado de Flávio
Guerra e outros combatentes.
Quais os planos para este ano do
Coletivo Capivara, como funciona este lance de coletivo cultural e qual o
objetivo?
O Capivara é parceiro do Fora do
Eixo, que é uma rede de difusão da produção independente, com mais de 300 pontos
espalhados no Brasil, América Latina, Europa, EUA e agora a Índia. Esse ano de
2013, o Capivara se fará presente no Congresso Nacional do Fora do Eixo, onde
defenderá seus argumentos afim de se tornar “Ponto Fora do Eixo” de fato. O
Grito Rock tem sido a marca mais positiva em nossas realizações e esse ano
realizaremos o 3° Grito Rock... Mundo agora. As Noites Fora do Eixo vão
continuar acontecendo, que na verdade serão o esquenta para o nosso 1°
Festival, que deve rolar no segundo semestre, com a integração das artes. Vem
coisa boa por aí, podem ter certeza.
A funcionalidade dos coletivos é
basicamente montarmos redes com a troca de serviços, onde cada um envolvido,
possa ajudar o outro com o que sabe e pode fazer. Chegaremos a um ponto onde todos juntos se
auto promoverão sustentavelmente. Vai do cara que faz os cartazes, passando
pelo cara que coloca o som, a luz, as bandas, o pessoal que fotografa e filma, até chegar ao público... Este público, que tem que apoiar toda essa rede,
comprando os ingressos das festas, divulgando nas redes sociais, no boca a boca,
participando, apoiando sempre a cena local... Quem faz evento sabe o quanto é
difícil. Mas um dia alcançaremos o reconhecimento devido. Vamos em frente,
retroceder nunca, render-se jamais rsrsrs.
Quais os projetos da CooperaRock para este ano?
A Cooperarock, tem como alguns
dos planos, focar bastante em 2013 no Dia Municipal do Rock. Desta vez com
uma divulgação ampliada e planejada, mantendo a boa estrutura de 2012, onde
trouxemos Nasi e mais seis bandas da
cidade, no Teatro Alberto Martins, o show foi aberto ao público. Estamos de
olho numa atração de grande porte e reverberação de mídia... A dica: já tocou
em grandes festivais no Brasil e até fora do país, aguardem!!! Vamos tentar
viabilizar um trio elétrico com o Projeto Toca Raul em pleno Camafolia. Levar
rock n roll novamente pro meio da avenida, rock n roll pro povo. Temos o
documentário sobre o rock de Camaçari que está engatilhado, a coletânea das
bandas que tentaremos mais uma vez colocar em prática e muitas outras coisas
planejadas que só com mais tempo pra falarmos. Acreditem, é possível!
Vamos deixar estes projetos de lado um pouco e falar de música, quais
os planos da Clube de Patifes no momento?
No momento, o Clube de Patifes,
depois de 14 anos, resolveu sentar. É, mas não é de cansaço não (Risos). Apenas
resolvemos montar um projeto acústico que a muito tempo estávamos afim. Veio
meio que naturalmente, como pura diversão. Daí deu certo, pintaram e estão
pintando shows, estamos finalizando um
CD, com releituras nossas dos dois primeiros discos, quatro músicas novas e
versões de algumas canções que gostamos de ouvir, acredito que no final de janeiro deve estar
pronto. Ahhh, antes do disco sair, vai rolar um single/vídeo na internet, de uma
música nossa chamada Achados e Perdidos, ta saindo do forno. E 2013 começou bem
pro Clube de Patifes, faremos três shows dentro do projeto “Intercenas
Musicais”, que é patrocinado pela Conexão Vivo. Os shows serão em Juazeiro -
11/01, Feira de Santana - 12/01 e Cachoeira - 21/01. Coisa boa, e um grande
reconhecimento pra nós do Clube. Ainda pra 2013, isso mais pro final, o Clube tem
planos de lançar o nosso CASA DE MARIMBONDO, aí sim voltaremos de pé. E esse
ano completamos 15 anos de chão duro, batido e pisado. Como diz um amigo meu: “A
luta é árdua, mas prazerosa” - A festa promete ser grande, Feira de Santana e
Camaçari serão as convidadas especiais.
Como o público vem absorvendo este formado atual da banda, numa
pegada acústica e tal?
O público tem gostado bastante
desse formato acústico do Clube. Há quem diga que encontramos nossa sonoridade
rsrsrs. Apenas, é pra mim claro, uma
maneira de mostrarmos nossa música na essência, como foi concebida. Ficou bonito,
sou suspeito (Risos). Mas de que de vez em quando dá uma vontade de ficar de pé
logo, ahhh isso dá. Mas a hora vai chegar. Mostramos esse show em Camaçari e a
resposta, principalmente no “fakebook”, tem sido positiva. Estamos nos
divertindo muito com o Acústico Clube de Patifes, principalmente quando vamos
tocar em eventos com outras bandas e suas distorções, as violas mandam bem
bagarai rsrsrs... É massa!!!
Causos do rock, conte uma
história engraçada ou absurda que você já viveu nestes anos de músico.
Uma história engraçada??? Rapá é
o seguinte: Vou falar de meus pais... Pode ser? Então vamos lá. Dona Marlene e
Seu Lalá (in memorian) nunca me disseram uma palavrazinha se quer pra me
afastar da música coisa e tal. Coisa do tipo: “Para de ouvir esse rock menino,
que isso é coisa de doido, coisa do diabo”, isso nunca rolou. Também nunca
incentivaram diretamente. Por que eu digo diretamente? Velhos, imaginem vocês:
Eu, já fui baterista. Tinha no meu quarto uma bateria Gope, usada. Usada não, velha mesmo. Seus pés eram blocos de construção que eu usava pra mantê-la de
pé. O Chymbal era de um ferro tão miserável que ao final de cada sessão, varria
o pó que era arrancado das baquetas, era demais. Essas tais sessões de bateria,
aconteciam no meu quarto, geralmente à noite. Meus pais assistiam aos
telejornais na sala ao lado. Para eu ir ao banheiro ou pra cozinha, tinha que
passar pela sala onde estavam, e esse era o único momento de silêncio que
reinava. As sessões de bateria duravam das 20h às 01 da matina quase que
sempre, e eu lá dublando meus heróis do rock e o povo na sala de estar sem me
dizer nada, era um barulho infernal. É um incentivo ou não é? Mesmo que
indiretamente? Pois, só sei que foi assim!!!
Quais as músicas que você mais
curte do Clube? Cite 3 e justifique.
Velho, escolher músicas é sempre
difícil. Já vi ídolos meus responderem assim e eu dizer que isso era balela.
Mas é verdade, é difícil mesmo escolher. Mas vamos lá: Tenho um carinho especial
pela canção “O homem com passos prateados” que está no nosso primeiro disco,
“Do Palco ao Balcão”, por ter sido a primeira canção composta pelo Clube de
Patifes, “Um dia Blue” é outra especial, pois atravessava um momento muito
difícil e ela me ajudava muito quando a tocava no violão. Outra? Tem “Achados e
Perdidos” que vai ser o próximo single nosso, que a qualquer momento estará no
ar, dizem que tudo que perdi a culpa é minha, mas na verdade o grande amor que
perdi eu lutei, lutei até o fim – modo
romantismo (Risos).
Por falar em preferências, aqui em Camaçari, quais as bandas que você
mais curte?
Já rodei por alguns lugares e
vejo Camaçari com bandas que não deixam a desejar em canto nenhum. Declinium é
uma banda do caralho. Oreah escreve bem e é afinado. Edivaldo nas guitarras é a
perfeita combinação, é a formula, e Ericson, chegou como fã, e hoje é um
baterista em constante evolução. Ladrões
Engravatados pela organização, perseverança e a vontade de vencer. Essa banda
passou na frente de muitas outras que pararam no tempo e só vivem a reclamar,
reclamar e reclamar. Um dia saí pra ver o som da Código em Sigilo na Semana do
empreendedor, e vi um som redondinho com performances de palco, a galera é
promissora também. As bandas têm crescido bastante, mas precisam se organizar
mais, se profissionalizar de verdade. Estamos no caminho, a Cidade da Árvore que
Chora faz rock meu filho!!!
Cena local, o que você tá achando
do nosso circuito rocker atualmente?
Nosso circuito comparado a várias
cidades por aí a fora, tem dado show. Veja o que aconteceu em 2012 por exemplo.
Quantos eventos rolaram, quantas atrações vieram pra cá. O blog
Camacarirock.blogspot.com fez uma leitura perfeita. As bandas ainda têm a
possibilidade de trocar experiências com as bandas de fora, contatos, montar
rotas, shows fora, isso é bacana. Tem acontecido muita coisa boa na cidade sim.
Agora temos que valorizar mais nossas bandas, o eventos, apoiar mesmo. Parece
um discurso redundante? Pode ser, mas é necessário. Temos que estar do lado da
cena Camaçariense, pagando os ingressos, preservando os locais a nós
disponibilizados para fazermos os eventos, divulgando pelas redes e por aí vai.
É assim, com iniciativas como estas que se fortalece uma cena, tornado-a produtiva.
Camaçari está de parabéns pelo que vem se tornando culturalmente e
rockeiramente falando.
Pablício deixe um recado final para todos os internautas que
acompanharam sua entrevista, e muito obrigado por participar.
Velho Rudsson e toda a equipe do
Camaçari Rock gostaria de agradecer a oportunidade de conceder essa
entrevista. Dizer pra galera das bandas que é possível durar 15 anos na estrada
sim, é só querer, afinal, luz é pra quem quer. Tamo junto galera, pro que
precisar é só falar. Capivara Coletivo Cultural e Cooperarock estão aí firmes e
fortes pra continuar a promover e divulgar nossa arte. Grande abraço e um 2013
de rock na veia!!!!
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